CONTADOR
Queria ser um contador de histórias,
Para encantar os meninos,
Ver olhos esbugalhados,
Medos dos meus monstros,
Dos fantasmas dos meus enredos.
Queria falar da minha vida,
Dos meus pés descalços,
Do meu deslumbre na cidade grande,
Do regozijo das luzes elétricas,
E das novelas na televisão.
Do desconforto do primeiro sapado,
Da bicicleta que não rodava em pé,
Da timidez de tanta gente apressada,
Do encanto da primeira matinê.
Queria contar da Ana Lucia, paixão juvenil,
Dos primeiros pelos despontando
Da virilidade esperada e temida
Da voz que engrossava anunciando o homem.
Queria sair contanto mundo afora,
Do amasso no portão, do beijo na boca,
Da fuga, do esconderijo, do sexo, do êxtase,
Do cansaço, do medo, do orgulho,
E das vantagens contadas nas rodas de amigos.
Queria sim ser um contador de história,
E contei aos filhos, fazendo pipa,
A outro pra fazer dormir,
E outro para aliviar a febre,
E a outra para exaltar sua beleza.
Contei estrelas para encantar a mulher amada,
Contei mil vezes as juras de que seria para sempre,
E contando as horas a esperei tantas vezes,
E contava versos quando ela chegava,
Só não contei os beijos, porque eram tantos.
Contei em versos tantos desamores,
Contei aos amigos tantos dessabores,
Mas houveram histórias bem aventuradas,
Houveram causos de regozijar.
E ainda quero sim virar histórias
Para serem contadas nos serões de engenho,
Que sejam netos novos contadores,
Relembrando contos contados, causos inventados,
Por esse contador.
Queria ser um contador de histórias,
Para encantar os meninos,
Ver olhos esbugalhados,
Medos dos meus monstros,
Dos fantasmas dos meus enredos.
Queria falar da minha vida,
Dos meus pés descalços,
Do meu deslumbre na cidade grande,
Do regozijo das luzes elétricas,
E das novelas na televisão.
Do desconforto do primeiro sapado,
Da bicicleta que não rodava em pé,
Da timidez de tanta gente apressada,
Do encanto da primeira matinê.
Queria contar da Ana Lucia, paixão juvenil,
Dos primeiros pelos despontando
Da virilidade esperada e temida
Da voz que engrossava anunciando o homem.
Queria sair contanto mundo afora,
Do amasso no portão, do beijo na boca,
Da fuga, do esconderijo, do sexo, do êxtase,
Do cansaço, do medo, do orgulho,
E das vantagens contadas nas rodas de amigos.
Queria sim ser um contador de história,
E contei aos filhos, fazendo pipa,
A outro pra fazer dormir,
E outro para aliviar a febre,
E a outra para exaltar sua beleza.
Contei estrelas para encantar a mulher amada,
Contei mil vezes as juras de que seria para sempre,
E contando as horas a esperei tantas vezes,
E contava versos quando ela chegava,
Só não contei os beijos, porque eram tantos.
Contei em versos tantos desamores,
Contei aos amigos tantos dessabores,
Mas houveram histórias bem aventuradas,
Houveram causos de regozijar.
E ainda quero sim virar histórias
Para serem contadas nos serões de engenho,
Que sejam netos novos contadores,
Relembrando contos contados, causos inventados,
Por esse contador.