Mais um sonho infantil

Cada singelo falar

Traz me o pensamento

Falta em todo o canto a luz

Daquele tempo que nem me lembro

Lembro uma jogada

Um gol nas traves velhas e quebradas

Outro na poeira, ou mesmo na lama

Imaginando todo o estádio a gritar meu nome

Desenhando em linhas tortas o desenho da jogada

Fingido que seria lembrado

Pensando que até mesmo eu lembraria

Os pingos fortes batendo

Não impedem o drible no goleiro

A batida colocada

E só pensar que ninguém ouviu

E naquele instante

Milhares gritavam meu nome

Estádio lotado

Sonho alagado

A infância é tão bela por nos deixar correr

Suar, sangrar e sofrer

Entre infinitos e S’s plurais

Eu podia sorrir

Aquele sorriso branco amarelo

Nem bandeira de Uruguai

Isento de toda dor e culpa

Vertia o vermelho inglês

Isento do sofrimento e angústia

De cada novo sorrir

Desde cedo aprendi

O quão difícil era teorizar

Nunca gostei do sério modo de olhar

Tão simples ignorar toda indecisão

Pessoas em seu modelar rigoroso

Assombrosos olhares por dentes

Desmanchavam-se

Um a um

Por um sorriso

De um garoto nem tão pueril

Mas que facilmente abria o coração

Sem maldade ou mentira podia dizer

-Sinto-me tão feliz... Que até posso sorrir...

Alexandre Bernardo
Enviado por Alexandre Bernardo em 30/06/2010
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