Ode à Poesia
Te encontrei num estado de coma,
Graça, de sítio, regozijo.
“Vi um gato no mato”
Contente todo; oprimia um rato.
E por que não?!
Dúvidas? Um caminhão!
Que venham Lorca com suas bodas,
E auroras de Nova York,
Neruda com suas “odas”,
Quintana, em meu quintal.
Que venham Carlos du Monde,
E de Andrade,
O mago Sará salgar minha dor.
E tragam agregado o Matos, mão-de-agarra,
Gregório que ligeiro trepou.
E que venham Waly, Do Vale e Gonzaga do Baião.
E tragam o canto da Cora, que cora Carolinas,
Toquinhos, Buarques, Djavans.
E que venham também Vinícius – salve o poetinha! –,
Manzoni e Leopardi, num Infinito Cinco de Maio.
Que venham Amado, Molière e Cecília,
E na luz fosca do crepúsculo
Misteriosas Clarissas.
Que venham Lenons,
E McCartneys no futuro.
Que venha Wilde, irônico,
E a poetisa também
“Menina sapeca levada da breca”
Que outrora viveu em mim.
E que venhas à luz tu, minha ode,
Na simplicidade das coisas,
Na força indomável do amor.
Cansada, deitei-me a teu lado
E num mundo maravilhoso,
Por um quarto de noite
Me encontrei.
Poesia gera poesia...
Acordei e o sol brilhava.
Com um beijo e carícias te despertei.
Por isso decidiste ficar.