O VELHO FAZENDEIRO
O velho fazendeiro, de rosto fechado,
Tinha um grande segredo,
Só com os netos partilhado...
Chegada a hora do sol dormir,
E as estrelas começarem a piscar,
Assentando num banco velho,
Com uma fogueira pra ‘isquentar’;
Espichava seu corpo cansado
E começava a ‘historiar’.
A meninada atraída
Qual mariposa em volta da luz,
Ouvia atenta, como que em transe,
As estórias do vovô Miruz.
Usando palavras, muxoxos,
Estalar de dedos e pausas espichadas;
Deixando a platéia rindo ou amedrontada,
Só saindo dali arrastada,
Por não ‘poder’ ficar mais acordada.
Eita, que saudade que tenho,
Daqueles dias... onde eu não sabia,
As curvas que dá o tempo,
Desfazendo tanta alegria!
Devia ter tudo anotado,
Um monte de estórias teria.
Não poderia fazer como vovô,
Mas atrairia toda criançada,
Pra um mundo de fantasia.
Obs. Minha homenagem para você Lina.
Revivi seus risos e assombros. Vi você encolhidinha,
olhos miúdos, quase sem piscar.
Imaginei seu vovô caprichando nas ‘istórias’,
E nesse caminhar saiu esse ‘brincar de letras’.