Oculta
As luzes do cinema estavam acesas e logo se apagaram.
Pensei então que apenas isso de importante aconteceria, entretanto, pensei errado.
Ela surgiu. Surgiu para acordar meu coração que antes estava tranqüilo, sonolento, descansado.
Ela surgiu. Surgiu, mas não notou minha presença.
Ela surgiu. Surgiu, e estava sozinha.
Perguntei-me intrigada o que alguém como ela estaria fazendo sozinha, em uma sala escura, quase vazia.
Ela sorria, sorria levemente.
E eu podia, sim, eu podia ver através das lentes oculares aquele sorriso angelical.
Ela sorriu, e, juntamente com aquele sorriso trouxe-me toda a calma que eu nunca havia tido nesses dias de caos.
Não a verei de novo. É balela. Procurarei mesmo assim, apesar de saber que a encontrar novamente é utopia minha.
Deveria eu, ter sorrido para manipular um sorriso teu?
E as luzes voltaram com todo brilho que cega, que deixa triste meu coração, pois partirei, tu partirás, todos irão. E a mágia se acabará. Aquela sala então ficará para testemunhar minha aflição e o nosso amor que não pode começar.
Ela se foi. Eu pude ver até dobrar
Teus lindos olhos, teu rosto angelical e maduro... que não viu meus passos.
Teu ar sábio, tua aparente doçura estarão sempre em minha mente.
Nem teu nome eu sei
Talvez teu rosto algum dia esquecerei
Mas sempre que naquela sala escura adentrar
Lembrarei de tua perfeita presença naquele lugar
Eu fui, mas gostaria de não ter ido e acompanhar
Teus passos até onde meus olhos alcançassem.
Agora acabo-me em lastimas e músicas tristes
Para alimentar a dor de não a ter.
Desejo profundamente a ver outra vez
Desejo encontrar-te e perguntar teu nome
Desejo que esta dor se vá
Mas desejo não te esquecer
Quero ter uma vaga lembrança de tua face
Quando fechar meus olhos para toda eternidade
E dizer. Apenas quero dizer que o melhor presente que já ganhei
Foi pensar que poderia te ter.