Névoa...
Eu vi uma sombra na lua...
Uma nódoa, uma mancha,
uma sombra que se desmancha
quando o sol bate à porta...
Na tímida luz da rua
tua sombra não era a minha
e, quando tomou-te sozinha;
como coisa certa que importa
escondeu-te do meu olhar...
E a noite evadiu-se esperta
mas por minha porta aberta
não quiseste mesmo passar...
Não te queria prisioneira;
então te olhei da soleira
com esperanças pequenas
de que te virasses apenas
para olhar quem te olhava...
Mas entre tanto caminho
sempre existe algum desvio
e enquanto eu te esperava
chegou somente o vento frio.
Inda assim não veio sozinho:
trouxe consigo a neblina
que te escondeu na colina
sem que eu pudesse evitar...
E a noite, sombria alfombra,
cobriu os caminhos de sombra
pra que eu não pudesse te achar...