INFÂNCIA

Invade meu peito a saudade

Dos dias outrora vividos

Tempos jamais esquecidos

Que não saem da lembrança

Tudo era felicidade

No meu mundo de criança.

Divertia-me no parque

Brincava por entre o arvoredo

Do mundo não tinha medo

Com a vida não me preocupava

Em tudo só via alegria

Da dor não me lamentava.

Era tão lindo, eu me lembro,

O canto do rouxinol

Que à tarde, ao por do sol,

Ouvia entusiasmada

Sem o rastro da tristeza

Pelo âmago ignorada.

Às voltas com mil traquinices

Divertia-me a valer

Com a criançada a me ater

A correr pelo quintal

Sem ter tempo para a angústia

Sem conviver com o mal.

O tempo passou e eu cresci

Adulta eu me tornei

Dos meus sonhos me afastei

Deixei de lado os brinquedos

Transformei-me por completo

Do mundo passei a ter medo.

Foi-se embora a inocência

Dos bons tempos que vivi

Peguei a estrada e parti

Deixei pra trás o passado

E todas as coisas mais puras

Que a vida havia me dado.

Subsiste hoje a saudade

Daquele mundo de sonhos

Sem pesadelos medonhos

Sem a insistência do pranto

Feito apenas de ventura

Cercado de paz e de encanto!

Lourdes Cúrcio
Enviado por Lourdes Cúrcio em 16/06/2010
Código do texto: T2322951