INFÂNCIA
Invade meu peito a saudade
Dos dias outrora vividos
Tempos jamais esquecidos
Que não saem da lembrança
Tudo era felicidade
No meu mundo de criança.
Divertia-me no parque
Brincava por entre o arvoredo
Do mundo não tinha medo
Com a vida não me preocupava
Em tudo só via alegria
Da dor não me lamentava.
Era tão lindo, eu me lembro,
O canto do rouxinol
Que à tarde, ao por do sol,
Ouvia entusiasmada
Sem o rastro da tristeza
Pelo âmago ignorada.
Às voltas com mil traquinices
Divertia-me a valer
Com a criançada a me ater
A correr pelo quintal
Sem ter tempo para a angústia
Sem conviver com o mal.
O tempo passou e eu cresci
Adulta eu me tornei
Dos meus sonhos me afastei
Deixei de lado os brinquedos
Transformei-me por completo
Do mundo passei a ter medo.
Foi-se embora a inocência
Dos bons tempos que vivi
Peguei a estrada e parti
Deixei pra trás o passado
E todas as coisas mais puras
Que a vida havia me dado.
Subsiste hoje a saudade
Daquele mundo de sonhos
Sem pesadelos medonhos
Sem a insistência do pranto
Feito apenas de ventura
Cercado de paz e de encanto!