Lembrança da infância roubada.
O céu sempre estava cinza.
Cinza da cor do meu sofrimento de menino.
Menino que sonhava com papai Noel, mas que soube desde cedo que Noel só existia para aqueles que podiam comprá-lo.
Menino que olhava a sua volta, procurando por amor; mas só encontrava revolta.
O chão era vermelho da cor do sangue.
E o rostinho sujo de poeira sempre trazia uma lágrima.
A criança queria ser amada.
Mas, era apenas ignorada, abandonada.
Não há desculpas, não há perdão quando se tem a vida castrada.
Não há possibilidade de volta.
Uma infância perdida não é infância: é o melhor da vida jogado fora.
E quem não teve infância, só terá a dor para ser vivida e para sempre ser lembrada.