O Rio e Eu


O RIO E EU

De branco
Cobria-se o verdor da relva
que se vestia de branco
dos lençóis feitos brancos, ao sol,
Pelas lavadeiras cantantes.
De seios fartos enchia-se o rio que afogava
Os meus olhos de menino malicioso na nudez
dos variados seios das lavadeiras de roupas,
banhistas ingênuas.

Eu vivi a poluição do rio
da minha infância.
Banhei-me no rio poluído
De tantos seios limpos.
E o meu rio de hoje, cheio de dejetos,
Se esvazia dentro de mim.
Eu choro sem lágrimas
A lenta morte do meu rio
Sem as lavadeiras ingênuas
Que não se banham mais
No rio poluído dentro de mim,
Que morre aos poucos.

(Visite o meu Blog: http://vozdomeuser.blogspot.com)

Pablo Calvo
Enviado por Pablo Calvo em 15/05/2010
Código do texto: T2258207
Copyright © 2010. Todos os direitos reservados.
Você não pode copiar, exibir, distribuir, executar, criar obras derivadas nem fazer uso comercial desta obra sem a devida permissão do autor.