Viola, Minha Viola.

Istendida a cocha de retaios no vará

Um quintá emodurado pur pranta e bicho

Uma porcilga, uma vara, um galo, o lixo

Bassoura de páia pra varrê o quintá

Uma saia rodada, um torço inrolado na cabeça

Uma sandáia de côro arrastano pru aí

Neguinha Juana se inrola na tuaia

Sai pro samba na casa de Naí

E se apreça pra caí na gandaia.

A viola chora na mão de Nié...

O prato relado por Sinhazinha

Marca o samba de roda... samba no pé...

Divagarinho, a muierada sai da cuzinha

E vem se achegá pra roda... e samba

O pandero chora na mão de Juão, o bamba.

“Pisa na meza, ├ samba de viola - cantado

Não me quebra loça

Qui a loça é fina

É de Amaralina...”

“Viola, minha viola

Viola, minha sucena ├ samba de viola - cantado

Quem sabe lê num trabaia

Só vive cum a mão na pena.

Ô viola, ô viola...

Ô viola, ô viola...”

E a festa rola, embola e passa

O tempo se esvai e desgasta

Devassa o corpo, e a alma falsa

Que se desfaz do corpo e se afasta

Aproveita-se do tempo infinito

Pra zombar da vida em um só rito.

Ubirajara Sá
Enviado por Ubirajara Sá em 26/04/2010
Código do texto: T2221189
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