O CARPINTEIRO ZÉ BARBINO

La pras bandas do Amanhece,

Vivia o carpinteiro ZÉ.

Homem franzino e ladino,

Com as mãos manejava que nem São José.

Com o enxó rasgava a madeira,

Cavacos cortavam o ar,

Suor escorria pela testa,

Seu trabalho não podia parar.

Com a perícia de suas mãos

Da madeira surgia a tábua,

Fazia até canoas,

Que não sucumbia nas águas.

Seu defeito, era o gosto pela cangibrina,

Quando bebia todas em um fogão,

Perdia o rumo e ate a sensatez,

E que não se achava nem com lamparina.

Vivia mais no porre,

Do que na sua lucidez,

Mas com o formão na mão,

Jamais existia embriaguez.

Diz-se por aquelas bandas do Amanhece,

Quem quisesse a prestação de seus serviços,

Comprava logo várias garrafas de cachaça,

Para abastecer o pobre coitado que diziam ser feitiço.

Era movido mesmo ao caldo do bagaço,

Da sua arte, dúvidas jamais,

Um exímio carpinteiro,

Que do pau tirava o coxo,porteira,e ate currais.

Sentado em um pé de pau,

Picava o seu fuminho mineiro,

Resmungando pelo canto da boca,

Que estava sóbrio o dia inteiro.

Pito no canto da boca,

Riscava a sua binga a querosene,

Do pavio surgia a chama,

Que inebriava aquele ser perene.

Saudoso ZÉ BARBINO,

Que dever estar auxiliando São José,

Entalhando um coração para os homens,

Aqueles malfadados de pouca fé.

ZÉ BARBINO viveu no arraial de Amanhece la pelos idos de 1950.Carpinteiro que na época era o mestre dos mestres.