Autópsia

Quem sabe onde ela está?

Quem esteve com ela

Em sua última morada?

Lembranças vêm a mim

A namorada ainda dói

Seu coração, sua história

Pulsavam comigo as carícias

A Águia comigo pairava no alto

O beijo, as mãos e os passos

Quando ela me abraçava

Na praça de alimentação ecoa a

Linguagem sagrada da memória

Na árvore a sombra da ausência

Sinais de fumaça recontam

Esse mistério. A pele de seus

Dedos raia, ainda posso sentir

O abraço de sol, o pensamento

Altivo. Ela, criança, filha de todos

Os perigos. Ainda brilham em mim

Suas pupilas de ocaso.

Nesse domingo a morada tranqüila

Dos sons sagrados faz renascer

Meu uivo impulsionado pela

Brisa ressoa, magnético, no

Coração inexistente. Latente.

Enigma singular: regressa

Volve em minha direção

Faz viver a força da compaixão

Por todas as coisas existentes

O corpo sutil pluga a ligação

Alhures.

Quem me separava do mistério inexistir

Aqui, existindo sinto tua a luz de verão

Da estrela que me chega apesar da

Suposta inexistência. Brilhas apenas a

Partir de minha memória, no tímido

Silêncio de alguma indefinível e outra

Dimensão.

DECIO GOODNEWS
Enviado por DECIO GOODNEWS em 19/04/2010
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