Autópsia
Quem sabe onde ela está?
Quem esteve com ela
Em sua última morada?
Lembranças vêm a mim
A namorada ainda dói
Seu coração, sua história
Pulsavam comigo as carícias
A Águia comigo pairava no alto
O beijo, as mãos e os passos
Quando ela me abraçava
Na praça de alimentação ecoa a
Linguagem sagrada da memória
Na árvore a sombra da ausência
Sinais de fumaça recontam
Esse mistério. A pele de seus
Dedos raia, ainda posso sentir
O abraço de sol, o pensamento
Altivo. Ela, criança, filha de todos
Os perigos. Ainda brilham em mim
Suas pupilas de ocaso.
Nesse domingo a morada tranqüila
Dos sons sagrados faz renascer
Meu uivo impulsionado pela
Brisa ressoa, magnético, no
Coração inexistente. Latente.
Enigma singular: regressa
Volve em minha direção
Faz viver a força da compaixão
Por todas as coisas existentes
O corpo sutil pluga a ligação
Alhures.
Quem me separava do mistério inexistir
Aqui, existindo sinto tua a luz de verão
Da estrela que me chega apesar da
Suposta inexistência. Brilhas apenas a
Partir de minha memória, no tímido
Silêncio de alguma indefinível e outra
Dimensão.