Lysergic Effect (C16H16O2N2)

A busca da espiritualidade

No mundo globalizado do consumo

Possui riscos e ofertas

Perigos e paisagens desertas

Ao mesmo tempo povoadas

De sublime transcendência

As visões dos mundos de outrora

Eu, um longínquo espermatozóide

Fixando paisagens remotas

Com sentimentos de agora

Agora em meu corpo sólido

Houve dias de moléculas tão sutis

Eu me parecia transparente, inconsistente

Sentindo o que as pessoas sentem

Mas não têm como se traduzir

Traduzir-se a 300mil km por segundo

Quantum de vidas em perene contato

Com seu próprio fluir no tempo

Tempo ignorado. Quantas pessoas caminhando

Nas ruas sem que soubessem de seus passos

Pretéritos, presentes, passados. Multidões

Em movimentos casuais, mera mecânica

Dos corpos correndo atrás do acaso

Fantasmas de fantasias, ectoplasmas

Em busca da sobrevivência

Etnias de médiuns desfilando nas ruas

Suas carências. Terno e gravata cobrindo

A aparência de carne. Os ossos selvagens

Em busca do ouro, determinados a pisar

Em quem quer que fosse, para obter uma

Vantagem a medalha do depto. de vendas

Eles invisíveis, perpassando-me. Quantum, infinitos

Detalhes imperceptíveis de si. Vidas, miríades

De biografias a se carpir. Determinismos de

Petulâncias. Extraordinárias ascendências:

Avareza, gula, inveja, ira, luxúria, orgulho, preguiça

E a ferocidade selvagem em busca do papel moeda

Angústia, desespero, paixão. Múmias pós-modernas

Perplexas corrompidas pela intimidação

Pelo desafio de ter. Conflitos, alcoolismos, sintomas

Multidimensionais da dor buscando refugiar-se

Na religião do televídeo. Em mim, os átomos das moléculas

Distanciavam-se entre si. Abriam espaços preenchidos

Por partículas subatômicas somatizando mágoas

Através de mim. Quantum de ancestralidades

Desintegradas há milênios vinham me ver

Ser visualizadas por mim. Transtornadas patologias

Há muito asfixiadas pelo medo, pela mentira

Por vidas vividas em desespero. Sussurravam

Martírios clamando a inutilidade de suas

Lidas. Implorando por um Norte em direção ao qual

Pudessem ir. Quantum de inutilidade vária

Implorando por usufruir alguma vantagem

Reencontrar-se com sua história e de alguma forma

Refazê-la. Desejo de atinar forças para sair

De dentro dos ossos de seus mortos. Correr na

Praia em direção ao futuro que não há.

Sair do útero impregnado do patíbulo

Do minimalismo expressionista. Deformados

Signos in absentia. A legião urbana a correr

Em direção a lugar algum. Tendo o ter por meta

A intencionalidade estagnada

Pelos objetivos selvagens do capitalismo

Colarinhos brancos movidos pelos

Montantes dos depósitos bancários

Nunca mais ser réu de nenhum

Juiz de um único objetivo bárbaro

Passar por cima de tudo e de todos

Como se partes das hordas rústicas

Espectros do passado passados a espada

Ah, estar livre dessa pregnância

Criar a força de minha própria forma. E

100 forças hão de se somar ao passo posterior

De modo a não fraquejar na trilha em direção ao

Nascente. Criar a linguagem nova dessa vertigem

Supostamente incoerente. Eleger asas à

Imaginação. Impulsionar o corpo

Para fora da cova dos ancestrais. Encontrar nos

Instintos o irmão de travessia. Resgatar o canto

Do pássaro romântico de Gonçalves Dias.

Como se Iracema estivessem bem ali na esquina

A passear no calçadão, fazendo trottoir

E nunca mais viesse a chorar por um fonema

DECIO GOODNEWS
Enviado por DECIO GOODNEWS em 19/04/2010
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