Minha Terra Tem Minério

Minha terra tem garimpeiros

Que a grande cobiça abunda

Por diamantes a minerar

Os índios imitando a branca gente

Estão dispostos a matar

Para defender as preciosas pedras

Recebem-nos à flecha: oi-oi, ui-ui, iá-yá

O tacape na pele de Caim afunda

E os brancos, sedentos de mufunfa

Ouvem mais o zumbido das frechadas

Que o canto da sabiá.

Minha terra tem madeira

Que o capital predador deseja

Km e quilômetros derrubados

As árvores gemem enquanto as serras

Penetram suas entranhas. Não mais

Frutos, folhas, flores e sombra

Apenas o deserto sendo ampliado

Para que o capital e suas piranhas

Sentem-se nos móveis, façam compras

Nos shoppings das poltronas estofadas

Não mais pássaros nem ecossistema

Não mais aves a cantar nos espaços

Povoados por Iracemas. Apenas o pasto

Abaixo a fisonomia vegetal, o húmus

Abaixo o verde para que a areia prospere

Abaixo as florestas de várzeas e de igapós

Minha terra tinha palmeiras

Onde cantavam os sabiás

As aves por aqui rareiam

Estão dia a dia mais sós

Quem por elas vai se queixar?

As espécies em extinção

As aves de arribação

Não vão-se ouvir gorjear

Minha terra tinha palmeiras

Onde cantavam os sabiás

DECIO GOODNEWS
Enviado por DECIO GOODNEWS em 19/04/2010
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