Minha Terra Tem Minério
Minha terra tem garimpeiros
Que a grande cobiça abunda
Por diamantes a minerar
Os índios imitando a branca gente
Estão dispostos a matar
Para defender as preciosas pedras
Recebem-nos à flecha: oi-oi, ui-ui, iá-yá
O tacape na pele de Caim afunda
E os brancos, sedentos de mufunfa
Ouvem mais o zumbido das frechadas
Que o canto da sabiá.
Minha terra tem madeira
Que o capital predador deseja
Km e quilômetros derrubados
As árvores gemem enquanto as serras
Penetram suas entranhas. Não mais
Frutos, folhas, flores e sombra
Apenas o deserto sendo ampliado
Para que o capital e suas piranhas
Sentem-se nos móveis, façam compras
Nos shoppings das poltronas estofadas
Não mais pássaros nem ecossistema
Não mais aves a cantar nos espaços
Povoados por Iracemas. Apenas o pasto
Abaixo a fisonomia vegetal, o húmus
Abaixo o verde para que a areia prospere
Abaixo as florestas de várzeas e de igapós
Minha terra tinha palmeiras
Onde cantavam os sabiás
As aves por aqui rareiam
Estão dia a dia mais sós
Quem por elas vai se queixar?
As espécies em extinção
As aves de arribação
Não vão-se ouvir gorjear
Minha terra tinha palmeiras
Onde cantavam os sabiás