Meu Anjo Negro
Não te percebia como agora
Sereno, másculo, viril...
Nem tampouco inspirava
Em mim a vontade de te ver...
De uma noite,
Em clara conversa,
Um sofá...
Uma sala...
Estava eu lá, na sua pétria égide,
Em meio a fotos de sua vida
E a poemas recitados,
Num momento singular
De galanteios e sussurros.
Sentia a loucura de ao menos te tocar,
Mas o rubor de minha face
Demonstrava o pudor daquele instante.
Num impulso seu...
Guiou-me ao desconhecido
De olhos fechados
Penetrei ainda mais em sua redoma
E ao levantar de pálpebras
Pude ver estrelas
Na mais negra noite daquele dia.
E entre uma conversa e outra
Fui tocada pelos seus lábios...
Num intenso e extasiante furor.
Senti sua pele,
Seu corpo nu enroscado ao meu
E em loucos murmurios
Deleitei-me em seus desejos
Sentindo-me mulher.
Em outro momento,
Depois do encontro,
Queria novamente te tocar
Mas a distância agora
Não me permitia te ter.
Depois de longa espera
Numa noite qualquer
Pude novamente te encontrar
E de beijos loucos
Tuas mãos acariciando
Meu corpo
Não podia parar...
Língua na língua
Respiração ofegante...
Num conjunto particular.
Adentrou meu universo
Com o charme de um Dante
Consumou no ato
O ato...
Da mais bela fantasia
E em meu leito fez-me descansar
Por minutos eternos
Em seu peito forte.
E no recôndito do meu quarto
Em minha humilde moradia
Deitado em minha cama,
Meu lindo anjo negro
Sem asas, despediu-se e
Foi-se...
Como veio...
Veloz, efêmero, intenso...
Na minha lembrança
Te tenho todo dia...
Nas horas em que o trabalho
Não ocupa minha mente.
Penso... penso... e penso
Em você.
Onde está?
Porque permite essa loucura?
O que faz agora?
Minha alma te procura!
Meu anjo,
Do céu estrelado...
Do negro olhar da noite
De um cenário inacabado!