CARTA...
Pedacinho de papel que traz o céu,
Ou o inferno...
Aproxima os homens, encurta as distâncias,
Porém também afasta, devasta corações...
Faz sorrir, chora, pular de alegria.
Mata a saudade, que também nos mata.
Amassadas, beijadas,
Amadas, odiadas,
Perfumadas, suadas,
Coloridas, monocores,
Caprichadas, desmazeladas...
Seu papel é variado,
Tem branco, tem pardo,
Com estampa ou desenhado.
Algumas vezes traz lencinhos,
Outra vezes traz retrato,
Bem grandões ou três por quatro.
Grande amigo é o carteiro,
Prá cumprir o seu ofício, anda quase o dia inteiro.
Eita ofício sagrado!!!
Traz de longe um bocado,
Do que é tão esperado:
Um pedacinho do meu amado.
Hoje já existe e-mail.
Credo em “cruis” que bicho feio!
Não me queiram enviar.
Preferindo-o à carta, “não vais me agradar.”
A carta é como gente,
Traz sentimentos, é quente.
Em letra feia ou letra bela,
Escarranchada,
Às vezes tremida pela ansiedade,
Traz manchas de lágrimas da saudade.
Uma, duas, três... mil vezes lidas.
Mas jamais esquecida,
Somente bem guardada em caixinha bem cuidada,
Até que chegue...
Outra carta...
Escrita em 2002