Redescobrindo
Caminho pela rua à direita
Me abrigando de porta em porta
Era noite e a cidade estava morta
Caía uma chuva fina que corta.
Depois vem o Largo do Casamenteiro
Um trôpego vulto indiferente
Indigente que caminha sem prumo
Passos na noite marcando a minha mente
Chuva que cai, bêbado sem rumo
Bebendo a chuva, e sonhando simplesmente.
Agora o Itajurú antigo
Corro molhado pelo espaço vazio
Procuro em vão um abrigo
Só encontro um cão amigo
Que molhado como eu, também tirinta de frio.
Adiante vejo a Fonte
Derrotada e esquecida de sua estória
Azulejos bordados, quebrados, molhados
Herança cansada do passado de glória.
Finalmente o abrigo
Chego a casa molhado e a chuva estia.
Percorri as mesmas ruas de sempre
Só que dessa vez a chuva me fez ver
Coisas que sempre existiu sem eu saber.