Na Estrada
A viagem foi longa sim.
Havendo dúvida, não vacile:
Procure outra distração!
Perfeitamente, lógico! É melhor, vou entender
Muita coisa vale, menos seguir sem querer.
Todo escritor tem dias de loucura;
Esse foi um dos tantos meus:
* * *
NA ESTRADA
Venha viajar comigo
Não paga nada,
Custa só imaginar
Pela estrada afora,
Relaxada, por mim
Lá fora, eis o que vi
Passar:
Uma pirâmide natural,
Verde e
Bem no meio da mata.
Castelos e montes,
Lagos azuis, austrais.
E nada fotografei
Nos seiscentos quilômetros
Que atravessei...
Alpes, alpino, queijo
Queijo suíço e maçãs
- Maçãs pra todo gosto
E lado!
Pouca chuva, muita irrigação.
Língua outra e folhas amarelas
O teu nome mais secreto?
Beijo!
“Bere responsabile!” -
E beija assim também.
No calcanhar da Calcanhoto,
Grilos e gafanhotos;
Rios, pontes,
Lagos e constelações;
Poesia e encanto,
Jardins, jardins e cavalos ...
Jardins de cavalos !?
Então tocou um choro,
Viola e coro, na estrada:
“Coisas inspiradas do amor”
Entregando segredos
E velhas saudades,
Relembrando Paulinho
Da Viola a cantar.
A Leoa afinada, musical:
“Quem ouve um choro se cala”
Casa, de volta pra casa!
- Só nisso posso pensar.
Torre, sino, sina
“That girl, baby!”
Calo no gargalo
Do freio.
Construção e acordes -
Acorde!!
Estreito, sombra
Pisca, avisa,
“Desvia da grama!” -
Grita -
“Melhor ir mais
Devagar...”
Parar e estacionar
Mas pra quê,
Se a casa estás a levar,
Caracol holandês?!
Vejo milho,
Mitos,
Plantações.
E cores:
Azul, cinza e ...
Dourado, como a Isabel!
Pé, meia, câimbra ...
Câimbra de matar.
Tudo é água -
Água boa, água fria ...
“Água de beber, Camará”
Pés contra o vidro:
Pra cima olho, respiro e
A todo momento, digo:
“Te amo! Te amo! Te amo!”
Eterna Lua de Mel
Nada adiar:
Todo dia é dia de dizer “Eu Te Amo!”
E de fato amar! Amar! Amar!
Sem fim, como um
Biscoito ou “Biscuit” ou
A pamonha quentinha
Da Dona Mariquinha,
Da Flávia Bittencourt.
Quilômetros pela frente –
Pode contar!
Óculos escuros,
Mau cheiro lá fora e ...
Rock and Blues às portas:
“Roll, roll, roll, roll
You gotta thrill my soul
Ya ride!”
A saída dita:
Siga em frente!
Resta ainda
Muito chão.
Relógio da torre
Da capela,
Cavalos pastando ...
“Bicicleta, eu vou pedalar minha bicicleta”
Pelos campos floridos ...
Do corpo dele.
Milharal, vacas, o Rio Donau
E a Catedral
Tudo é relativo - Genial! -
Até o lugar que se é nascido.
Foto ligeira, relâmpago ...
Por um triz!
Aí tocou “Comunicação”,
Com Elis.
Vi um falo riscando o céu:
Um arranha-céu,
No centro da cidade
- Solitário elevado -
De concreto armado.
Congestionamento, lentidão
Margaridas e balas no asfalto
E “pombos que sabem voar alto
Mas insistem em pegar as migalhas do chão.”
Um satélite na cabeça
Um branco céu
Balé dos cataventos a girar
- Leila Pinheiro - e Girassóis
De faróis baixos,
Parachoque duro...
“A dois passos do paraíso”
Não quis dizer
Bye-Bye, Baby
Bye, Bye!
Céu de novo
E azul!
Rondó do Capitão --
Seco ou molhadão?
Magic woman
E de pernas pra cima!
Fileira e ...
Ultrapassar!
Cento e cinqüenta por hora, Baby.
Vai bem perguntar
Como o outro está.
Nosso estranho amor
Da Lima Marina ...
“Deixa o ciúme passar e sigamos – juntos!”
Caetaneando.
Belos Picassos:
As telas e o carro!
- Vaidades banais.
A essência de Deus
Tocou o Amor.
“I saved the world today
Everybody is happy now...”
Uma modinha na voz da Rita,
Lei que não está escrita:
“Banana de todas as qualidades
Quem vai querer?
Mãe, mãe, mãe
Eu vendo bananas mãe
Mãe, mãe
Mãe, mas eu sou honrado mãe!”
Outro mundo:
Um cachorro, um fusca amarelo
E o Demônio da Tasmânia --
O do Perna Longa, claro!
Andes, Lhamas
Uma Lhama nos Alpes?!
“Blues in the Nacht”, comadre
E no fim dessa viagem musical
“Você partiu
Para ver outras paisagens”
E a chuva está caindo
Pingo, pingo
Pingo, pingo
God bless the rain is downing in Africa!
Palavras novas aprendidas:
Dido, Gaga, Toto.
Agora acabou:
Pipi stop e mac comida de isopor – Argh!
* * *
E o condutor se chamava Nonsense.