Melhor Palavra

Como pólvora ou incenso

Aquele texto exato

Aquela melhor palavra

Emergia

Cada letra e seu fonema

O quanto de mim contido

Em seu semblante e cor

O que de dor, o que de riso

O sentimento do mundo

Tudo o que elas traziam

As palavras vinham...

Entrelaçadas com o canto sutil do vento

Como canções ritmadas ou acalantos

Elas nasciam e se recriavam

Nos lábios pueris

Em esperanças sonoras

De um amanhã tranquilo

Mel e azeite

De qual limbo

Fosso, fossa ou

Labirinto

O que sinto, sentiria

Libertando-se

Em verbo espinho

Flor venenosa ou brinquedo

Do silêncio obscuro

À claridão iluminada

Em coragem e desespero

O poema-revolução

Pipoca em estrofes irriquietas

Desaguando em cacos de vidro

Até que uma dor amargurada

Em cotovelo ressentido

Empurra-o para o papiro

Cravando no tempo inconstante

Aquela visão eternamente em abismo