Valeu

Trago escondido no peito,

reprimidas, vagas, lembranças,

da vida, esquecida de outrora,

sofrimentos, de infância!

Sem pai, mãe e família,

senti na alma, o medo,

na pele, a dor, e o desprezo!

Vivi nas sobras do mundo,

não tive um lar, nem sossego!

Sofri a pena inocente,

sem alegrias, carente,

passado vago e demente,

tempo incerto, de ausência!

Perdida, flor adolescência,

sem perfume, suave decência,

fui castigada, de morte,

vazia, de afeto e calor,

sem som, imagens, e côr,

muito pouco, recebi da vida,

carinho, cuidados, e amor!

Ganhei, da rua o perigo,

a maldade, suicídio e dôr,

mas sorte, minha vida mudou,

na maternidade do mundo,

um sonho, de infância gerou-me,

vi em meus, filhos e livros;

o amor, que a vida negou-me!

Valeu a pena sonhar,

na tristeza, acreditar!

Que sofrer, também e amar!

Mas a sorte, depende de Deus,

a hora, e ele quem da,

cabe a nós, ir buscar,

com fé e esperança,

sempre confiar!

Plantei no peito semente,

e vi alegria brotar,

em meu ventre, gerar,

a vontade de ver,

nascer, crescer e vencer...

Criança, adolescente, mulher,

liberta, de traumas e dôr,

na escrita, gritar, que passou,

o tempo sofrido, deu flôres!

São meus filhos, maior presente,

que herdei do Senhor,

a essência continua...

Do meu primeiro amor!

Marlucia Divina da Silva
Enviado por Marlucia Divina da Silva em 16/02/2010
Reeditado em 08/07/2019
Código do texto: T2089715
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