Valeu
Trago escondido no peito,
reprimidas, vagas, lembranças,
da vida, esquecida de outrora,
sofrimentos, de infância!
Sem pai, mãe e família,
senti na alma, o medo,
na pele, a dor, e o desprezo!
Vivi nas sobras do mundo,
não tive um lar, nem sossego!
Sofri a pena inocente,
sem alegrias, carente,
passado vago e demente,
tempo incerto, de ausência!
Perdida, flor adolescência,
sem perfume, suave decência,
fui castigada, de morte,
vazia, de afeto e calor,
sem som, imagens, e côr,
muito pouco, recebi da vida,
carinho, cuidados, e amor!
Ganhei, da rua o perigo,
a maldade, suicídio e dôr,
mas sorte, minha vida mudou,
na maternidade do mundo,
um sonho, de infância gerou-me,
vi em meus, filhos e livros;
o amor, que a vida negou-me!
Valeu a pena sonhar,
na tristeza, acreditar!
Que sofrer, também e amar!
Mas a sorte, depende de Deus,
a hora, e ele quem da,
cabe a nós, ir buscar,
com fé e esperança,
sempre confiar!
Plantei no peito semente,
e vi alegria brotar,
em meu ventre, gerar,
a vontade de ver,
nascer, crescer e vencer...
Criança, adolescente, mulher,
liberta, de traumas e dôr,
na escrita, gritar, que passou,
o tempo sofrido, deu flôres!
São meus filhos, maior presente,
que herdei do Senhor,
a essência continua...
Do meu primeiro amor!