A PONTE

Sem que percebesse

Ergui uma ponta nos meus dias.

De um lado, sou o passado:

Bons momentos que afloram doces lembranças.

Do outro lado, o futuro.

Incerto?

O que me impede de atravessar a ponte?

De romper as barreiras que formam as prisões?

É o “meu” momento?

Olho para trás.

Estou nas amarras das lembranças.

E vejo aqui o meu presente.

Conto os dias...

Vislumbro o futuro que anseia em me envolver

Nos seus braços.

Onde estou, afinal?

Em qual extremidade da ponte depositei os meus anseios?

O meu momento:

(Como se cada minuto pudesse escapar de mim).

É a ânsia de contar os meus dias

Como se colecionasse pérolas.

É mirar o horizonte

E desejar que nuvens sejam mais efêmeras.

É não poder contar as estrelas.

Que escorrem infinitas em caudas pelo azul do céu.