Das Memórias
DAS MEMÓRIAS
A consistência das imagens
Que figuram na memória
É o próprio ato de ruminar
|Pobres cenas de uma vida
em que não se vive,
vegeta-se|
Todas as histórias vividas, contadas, guardadas,
Partes deste infinito memorial de dor
|Constituem o eu-imaterial, que
sempre teima em insurgir|
São partes intimamente guardadas,
Acorrentadas ao fracasso
Na triste caminhada labirintal
De onde não se encontra saída
Nem mesmo um entorpecente
Para o delírio
Longe da embriaguez dos sonhos
As passagens que na mente reconstituem-se
São constatações, não possibilidades
|Não aceitam somar-lhes planos,
nem a fantasia ilusória da loucura|
Ao tentar entendê-las
Por simples capricho da racionalidade
Percebe-se que não são compreensíveis
São confusas
E dessa mistura de antagonismos e diferenças
Extraem-se infinitas interpretações
|Infinitas esperanças|