EU QUERIA VOLTAR AO PASSADO
Ah! Se eu tivesse um mágico tapete,
E recuar ao passado eliminando meu cansaço...
Nessa viagem levaria só alguns macetes,
Cantar-lhe-ia dentre notas sem qualquer falsete
Andaria sim sem hesitar com os pés descalços
Nas ruas jaz empoeiradas e lá esburacadas
Jogaria bola com toda aquela molecada
Pularia cela, soltaria pião; far-se-ia seu palhaço...
Contemplaria suas coxas no pula corda
Fraudaria beijo na boca 'no beijo ou abraço'.
No esconde-esconde iria assim te achar,
Seria teu herói, e com honras te salvar
Eu, malicioso no pega-pega te agarrar
Uma ingenuidade sem igual, sem limite.
Dar as mãos em roda, ciranda, cirandinha,
Sua fina mão perfumada poder apertar.
Em “É essa... É aquela!” acertar palpite
Pra ver com quem eu iria enfim ficar
Você, dantes e meiga ainda mocinha;
Hoje uma mulher formosa de se admirar.
Ah! Se eu lá no passado estacionasse,
E pra esse presente não mais retornasse
Com magnífica certeza erraria menos,
Aproveitaria mais aqueles bons serenos,
Hoje meus desgostos se fariam amenos.
Daria mais atenção às cores, às flores...
Viveria intensamente os incógnitos amores.
Evitaria tantos e insanos maus dissabores...
Mas, o relógio da vida nos joga no relento,
Ele não nos deixa voltar e ficar lá atrás:
Sorrindo desafia o infortúnio sentimento...
Martiriza o impregnado pensamento...
Ironiza dolorido o constante lamento...
Coisas da vida que não voltam jamais.