Sozinho

Vejo-te, sozinho, no sofá

Assistindo, a cochilar, programas de televisão.

Sinto, pai que, na verdade,

Tu sentes saudade da minha atenção.

E eu, por vezes ingrato,

Alego, de fato, que o tempo é corrido;

Que a vida da gente tem pressa;

E nossa conversa... te deixo esquecido.

E assim, meu velho, vou adiando,

Nossas palestras marcando pra outro dia

E não me dou conta, que desse jeito,

Magôo teu peito, subtraio tua alegria.

Às vezes, nos momentos de lembrança,

Imagino, em criança, brincando contigo;

Eu pulava, cantando contente,

E tu, sorridente, cantavas comigo.

Tenho a impressão de que sou culpado

De não ter, ao teu lado, vivido nós dois;

Pai, não quero nunca te perder,

Mas perdoa, por eu ter deixado tudo pra depois.

x.x.x.x.x.x.x.

(Que possamos, como filhos e filhas, dedicar um pouco mais de atenção aos nossos pais, em especial os idosos, pra que eles tenham sempre um pouco de alegria. O carinho, a conversa, a paciência e a atenção são gestos que certamente lhes tornam a vida mais bela)

J. Edivaldo

18/01/06

Edivaldo Silva
Enviado por Edivaldo Silva em 28/07/2006
Código do texto: T204250