O Mico

O mico

No Sertão de onde em vim

Não se usava sabonete

Parecido assim com sucos

No Sertão a gente usa,

Misturado com gordura,

Que limpa qualquer sujeira

De bicho e da criatura

Do corpo e também da mente.

Eu que venho do Sertão

Sem saber e conhecer

Um suco assim tão famoso

Como pobre sertanejo

Bebi sem medo e sem pejo

Esse suco tão cheiroso!

Esses moços da cidade

Não quiseram me falar

É que acharam engraçados,

Engraçados até demais

Nessa graça, onde é que fico?

Os rapazes da cidade

Dizem que paguei mico...

Quando olhei ao meu redor

Cheio de gente se rindo

Vi que era só alegria

Fácil, naturalmente animada,

O mico virou sumiço

Sem mistério e sem feitiço

E agora, rapaziada

Onde é que fica a intenção?

A plateia pede bis

E eu virei o artista feliz

Do momento, da estação.

Wilma Maria Quintiliano de Oliveira