ESPERANÇA

Esperança

Marilú Santana

É da secura da terra e da inclemência do sol

Que brotam miríades de miragens acordando

Ressequidas esperanças para a transformação

Medrar n'alma sertaneja o fulgurante arrebol

Transtornado quase insano a razão incandesce

Transmuta-se vulcão cuspindo larvas luzídias

Brota-lhe do âmago cada aspiração uma prece

O esturricado some só sonha e o verde aparece

Mira e molha todo chão ó terra dura seu torrão

Amolece-o com a gota mirrada do suor que cai

Brota bendita espiga para a barriga do rebento

Aos pares esperam em casa rezando lá no fogão

Um dia chega perfumoso vento e atrás o trovão

Sopra o sal da pele as águas dos olhos esperam

Consternado pára escora na enchada e aguarda

O grito das acauãs ecoam trazendo confirmação!

Adeus os medos, a mágoa, a fome aterrorizante

Esquece na mesma hora todo travo do desespero

Mesmo na demora todas as preces são atendidas

Enche-se de riso a terra, o céu chora diamante!

22/07/2006

Marilu Santana
Enviado por Marilu Santana em 22/07/2006
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