Palavras ao Vento
Se as minhas palavras não ecoam
Entre as montanhas, quando solto a minha voz...
Nem quando solto o meu canto com dignidade,
Assim como os passarinhos cantam em liberdade...
(...) Só ouço o meu silêncio nesse manifesto atroz.
Se as minhas palavras não envolvem tais sentimentos,
Enquanto que nessa aurora, quando nasce o raio de sol...
Minhas palavras vão ao vento e não ecoam nesse arrebol.
Silencio-me e vejo um bailado daqui p’ra acolá do vento...
Mas....., minha voz não quer calar um só momento!
O sol do meio dia vem aquecer a minha extrema agonia.
Já cansado de esperar o inesperado eco que não ouvia...
Mesmo quando solto o meu gemido na desesperabilidade...
Minha canção quer encontrar minh’alma do outro lado
Da sombra, onde dorme o meu longínquo canto calado.
Se a minha voz não ressoa entre esses belos montes...
Assim como o sol vai se pondo, calado, no horizonte...
Silencioso, tal como as minhas palavras vão em vão...
Dia a dia, vejo no céu, nos mares e nos lindos arvoredos,
A sombra de minha voz surgir nas águas e rochedos.
Se as minhas palavras vão ao vento e não retornam
Dessas lindas montanhas... Minhas lágrimas formam
Cachoeiras que deságuam no mar, meu choro a chorar;
Nem mesmo um soluçar das águas a ecoar. Um algoz
Num vento cálido a soprar meu gemido e minha voz.
E quando a noite vem..... Chegando bem de mansinho,
No meio dessa vasta floresta, sinto-me sozinho...
Sombreado no meio da mata, onde num deserto achei
A minha desesperança, e vou ensimesmando-me tristonho,
Nessa sombra ilusória onde tentei viver um só sonho.
Pouco a pouco, as estrelas vão surgindo no firmamento...
Tão lindo... Tão naturalmente vão clareando todo o céu;
A lua, doirada, cheia de ternura nesse entrelaçamento...
Vem resplandecendo sobre a aba do meu chapéu;
É quando, de repente — ouço a minha voz ao léu... Ao léu...
(((((AO LÉU))))), ((((AO LÉu)))), (((AO Léu))), ((AO léu)), (Ao léu)...
Paulo Costa
Outubro de 2008.