A VOZ DO SANGUE (Poesia baseada em história verdadeira)

O sangue clama por justiça

Enquanto jaz no solo inerte

O corpinho cândido, sem vida

Alma pura de anjo inocente.

Sua voz jamais será ouvida

Nem sequer seu meigo balbucio

A mão tirana de pai sem entranhas

Cortou, sem dó, da sua vida o fio.

Seu sangue há de regar a terra

Fará brotar, forte, a perfumada flor

Trará consigo de volta a meiguice

De alma cheia de celestial dulçor.

Para você, pequena e doce criança,

Não há passado ou futuro a pensar

Somente existe o presente entre anjos

No azul etéreo com eles a brincar.

A voz do sangue não deixará impune

A mão assassina do carrasco frio e cego

Com o machado desferindo o golpe

Ceifando da terra sua vida tão cedo.

Se a justiça dos homens que é tão cega

Deixar impune ser tão sanguinário

A do Criador que disse: “Não matarás”

Trará por certo, o sofrer vicário

Àquele que pregava amor e caridade

E seus atos demonstraram o contrário.

Descansa em paz, flor de inocência

Do âmago da terra a sua voz emana

Tenha por certo que nesse seu abrigo

Não lhe alcançará a crueldade humana

Da curta vida lhe tiraram o gosto

Com as miríades angelicais se irmana.

(História real ocorrida no ano de 1990,

adaptada em poesia e extraída de crônicas

policiais)