O Enxadrista

... Quando fui convidado para participar

D’um longo Campeonato Regional de Xadrez...

O treinador nos alertou p’ra não vacilar...

P’ra ter calma e não jogar com tanta rapidez.

Foi na belíssima cidade de Itapeva...

E não deveríamos dar nenhuma chance

Para os oponentes que estavam na reserva,

E imaginar u’a estratégia a cada lance.

A primeira rodada — foi mui agitada!...

Três a dois no placar, e foi bem apertado.

Jogamos contra uma equipe bem treinada...

Mas, foi por causa d’um deles — ter abortado!

Até que jogamos bem — não resta dúvida!

Ficamos entre os primeiros na classificação;

Todos nós estávamos na maior boa-vida...,

E nem pensamos que seria u’a provocação.

De vez em quando, eu usava u’a “abertura inglesa”!

Jogava sempre co’ essa estratégia — direto —

Saía co’ a mesma tática — com destreza...,

Co’ aqueles que jogavam o “bispo” no fianqueto.

Alguns adversários jogavam — imponente — “e4”!...

Quando saíam de brancas... Minha defesa — “c5”!

Dessa forma, eu atordoava o oponente... —

Ganhando credibilidade — com certeza!

O campeonato estava apenas começando...

Nem imaginava o que viria pela frente.

Alguns abelhudos ficavam observando...

Logo notei que havia algo incoerente...

Na segunda rodada... Foi bem mais difícil!

No meio jogo... Sacrifiquei os dois “bispos”,

P’ra ganhar vantagem, e assim ficar mais fácil

De contornar para dar o “mate” — logo após!

No placar, saiu dois a dois e um empate!

Inda estávamos entre os melhores no jogo;

Então, fomos ao pátio — comer chocolate;

Rever as jogadas, e ouvir o pedagogo.

Depois de rever tod’as possibilidades...

Fomos anunciados que jogaríamos

Com uma das equipes de celebridades —

Da cidade de Itu, e que tinham planos!...

Planos para nos derrotar — mas se enganaram!...

Quando anunciaram que tínhamos que jogar

Contra aquela cidade... Me lembrei do Barão,

Da Monarquia — que fazia o povo vergar!...

Mas, não ia me intimidar co’aquela lembrança,

Que me deixara pensativo e muito feroz.

Tive muita fé!..., e acreditei na esperança —

Que poderia derrotar o oponente algoz.

Essa tinha sido então a terceira rodada!

— Estávamos agora no topo da luta...

Várias equipes haviam sido derrotadas,

Até então surgir um árbitro na disputa!

Logo ao empatarmos co’a cidade de Itu,

Inda estávamos no topo, p’ra reta final...

O “cara” não saía do bar — bebendo Pitu!...

Amargurado, desvairado — com’um banal.

Na quarta rodada, enfrentei um biólogo,

Que não tinha estratégia, e foi uma lástima!

Depois que desvendamos aquele apólogo...

Só restava esperar a próxima vítima.

Nessa altura, não tinha perdido u’a só rodada...

Foi quando veio a quinta, e surgiu o árbitro...

‘Stava inconformado, e apontou u’a dedada

Para o meu oponente — por ter ganho um litro...

Um litro de aguardente — d'um tonel de engenho,

E começou a palpitar co’ aquele dedo...

Dedo asqueroso, apontando meu desempenho,

E fazendo de conta que estava bêbedo!

Naquele instante, o jogo perdera o encanto!

— O duelo não era somente contra um...

E sim, contra dois opositores — conquanto,

Não tiveram um resultado fora do comum!

Saí do jogo e deixei a partida em desmando,

No qual — o juiz se fez de vítima... Mas, vi

Todas as falcatruas que estavam tramando...

Levantei-me logo em seguida, e despedi-me!

Pacco
Enviado por Pacco em 19/12/2009
Reeditado em 06/10/2011
Código do texto: T1985562
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