Rituais dominicais


Hora do almoço meu pai deixava a roça de lado
Pegava num banquinho capenga e todo gasto

Do alambique retirava um copinho de bagaceira
E sentava à sombra do velho pé de laranjeira.

Nas mãos,o fumo de corda e o canivete sem fio
Enrolavam um cigarro de palha longo e esguio.

Seus olhos azuis misturados ao verde do mato
Mais o cheiro de terra combinado ao do tabaco.

Fumaça espiralada e o pensamento perdido
Sabe Deus onde... Não podia ser interrompido.

Ensismesmava até dar fim ao pito e à bebida
Depois voltava em silencio para repor a vida.

Nunca soube onde ia nos domingos que fugia
E entrava nesse mundo que não me incluia.


-Helena Frontini-