Mãos de Maria
Mãos de Maria
Mãos calosas de camponesa. Mãos fortes – as mais belas mãos que havia.
Mãos que num cafuné, mandavam-me prá outros mundos;
Mãos que calavam tão fundo, mãos cheias de amor tão profundo.
Eram as mãos da mãe de minha mãe – uma mãe que era muito mais do que mãe.
Essa mãe, tão generosa mãe. Mãe que não há um único senão que lhe arranhe.
Ela veio dos Campos do Amaro, mas só trouxe doçura prá vida.
Cuidou de mim com desvelo, cercou-me de todo zelo – essa mulher tão querida.
Para os irmãos? Era Maria Pequena. Para mim...? Uma mulher plena: era minha grande mãe, minha avó Maria.
Aprendi a gostar de mulheres fortes com a convivência com a minha avó. Dona Maria, também Madalena, viajava negociando pelas fazendas de cacau do sul da Bahia, sem nunca ter dominado a arte de ler e escrever. Quando atingi os dez anos de idade, fui empossado por ela no cargo de escriba e carregador de malas, função que desempenhei até a minha partida para as terras de São Paulo.
Vale do Paraíba, noite do terceiro Domingo de 2009
João Bosco