O CEMITÉRIO DOS MEUS AMORES PASSADOS
O cemitério dos meus amores passados
Está mal cuidado
E maltratado pelas intempéries
Carece de visitas.
Os túmulos carcomidos guardam dores
Alguns ainda têm murchas e descoloridas flores
E seus característicos odores
Há lápides vetustas que parecem de ontem
Há outras recentes que parecem de séculos.
Além do cemitério dos meus amores passados
Existe um horizonte para onde minha fronte aponta
Um lugar longínquo para onde me leva este trem
Desprovido de marcha à ré.
Pela janela do trem a paisagem passa
Vejo amores vivos presentes e futuros
Amores mortos ou morto-vivos no passado
Não quero amores que não mais se levantam
E o cemitério dos meus amores passados
Vai ficando para trás, distante e mal cuidado
Carente de visitas.
Não quero visitá-lo
Ainda que me julguem insensível e egoísta
Apenas o olharei de relance
Vez ou outra pela janela do trem.