Retalhos de passado
Volta-me o tempo
de vez em quando.
Emerge remanescente
numa dor morna
de cheiro de curral
mugido de bois
e brisa silente
a soprar de manso
as flores amarelas
e os coqueirais do brejo.
Vem-me no pipilar de pássaros
(se acomodando no bambual)
à boquinha da noite
no ciciar de grilos
no coaxar de sapos
nas sombras rasantes
de vôos noturnos.
Nos esqueletos negros
do arvoredo
a traçarem formas bizarras
contra os derradeiros clarões
do entardecer.
Aí, invade-me
uma vontade insólita
de reviver
e de não lembrar...
De rememorar
e de esquecer...
De recordar
e não mais sofrer...