Éramos jovens,
e a Vida tinha o tamanho do Mundo...
Nas nossas mãos a Esperança,
que cabia certinha no Futuro,
e a sábia certeza
de que o Agora era nosso
e o Sempre não era moda.
Éramos novos,
pintados de fresco, intocáveis,
com garantia vitalícia e estrutura forte,
crescendo na crença que o caminho era nosso,
e o sonho era a luz irradiada por nós.
Julgávamo-nos reis e senhores
de terras que ninguém ousara desbravar,
aquitectos de ideais que ninguém sonhara perseguir.
"Ninguém" eram os outros, os perdedores por idade:
os mais velhos, que eram velhos;
as crianças, que eram novas.
Trapos e cueiros,
que nos serviam a arrogância da ingenuidade.
Nós, éramos a peça de excelência!

Éramos tão inocentes da Verdade!
Tão culpados de pecado original!

Éramos jovens e o riso era farto,
a consciência era leve,
a fome era muita...
...e o repasto tão breve.