Tempo de Assuntar

Uma noite, perdida no tempo, outra noite me traz.

Em que, renovadas crianças, na rua de novo brincamos.

O tempo não passa; passamos nós – adultos já somos.

Que pena! Não tem mais anel;

Não tem mais ciranda.

Nem mesmo tuas tranças, tuas mãos tão macias

As minhas a afagar, gesto que mais ninguém via.

Não sai mais a Banda a tocar seus lindos dobrados.

Dizem os beócios, estupefatos, refestelados no ócio,

O desatino - como bizantinos: “-Isto é ultrapassado”!

Por isso meu brado:

Bernadete! Que falta me faz...

Nos meus momentos de introspecção ainda escuto a voz suave das crianças cantando nas noites enluaradas: “-Bom vaqueiro, bom vaqueiro, dá licença eu passar, carregada de filhinhos para acabar de criar”. E tu, Bernadete, respondia dando a sentença que esperávamos com ansiedade: “-Passarás, passarás! Derradeiro ficará”.

Vale do Paraíba, Novembro de 2008

João Bosco (Aprendiz de poeta)

Aprendiz de Poeta
Enviado por Aprendiz de Poeta em 21/10/2009
Reeditado em 11/05/2011
Código do texto: T1878928
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