Tempo de Assuntar
Uma noite, perdida no tempo, outra noite me traz.
Em que, renovadas crianças, na rua de novo brincamos.
O tempo não passa; passamos nós – adultos já somos.
Que pena! Não tem mais anel;
Não tem mais ciranda.
Nem mesmo tuas tranças, tuas mãos tão macias
As minhas a afagar, gesto que mais ninguém via.
Não sai mais a Banda a tocar seus lindos dobrados.
Dizem os beócios, estupefatos, refestelados no ócio,
O desatino - como bizantinos: “-Isto é ultrapassado”!
Por isso meu brado:
Bernadete! Que falta me faz...
Nos meus momentos de introspecção ainda escuto a voz suave das crianças cantando nas noites enluaradas: “-Bom vaqueiro, bom vaqueiro, dá licença eu passar, carregada de filhinhos para acabar de criar”. E tu, Bernadete, respondia dando a sentença que esperávamos com ansiedade: “-Passarás, passarás! Derradeiro ficará”.
Vale do Paraíba, Novembro de 2008
João Bosco (Aprendiz de poeta)