Quando eu te sonhava...
Eram azuis as tardes
e as noites tinham algo do esplendor
lunático dos poetas,
as manhãs raiavam luminosas,
e os dias brilhantes luziam teu rosto,
entre todos que passavam.
As falas eram melodias,
os versos em susurrros
viravam beijos... imaginados...
sófregos, na ardente paixão
sonhada.
Quando era um sonho:
o teu abraço,
o teu corpo abrigo,
o teu olhar molhado de mar,
vidrado em foco,
meu espelho no tempo
e no espaço,
sem horas, sem rastros, sem rumos.
Era assim...
quando eu te sonhava.
Eu te sonhava e...
eras tênue,
como a brisa na preamar.
Simples, fácil,
como o mergulho das gaivotas.
Como o horizonte:
eras belo e intocável...
perto e inatingível.
Certo e impreciso, como a vida.
Existias em mim, pleno,
completo, total.
Eras sonho...
sonhado, palpável, tocante.
e no meu sonho
eras meu!