Noite do Apagão
... um barulho de trovão!
e instantâneamente, as luzes apagaram.
o cheiro de medo espalhara pela sala
e a chuva intensificara
...procurava a música certa ao violão
para tal momento tão único até então.
não ligava pra escuridão
porém a insaciável visão pedia por velas.
Com o escuro, mostraram-se os obscuros
um amigo mostrara-se inquieto
um outro estava imóvel e quieto
enquanto outros riam para disfarçar.
o fogo das velas acalentava a necessidade de ver
um súbto berro de fora pedia exaltante por abrigo:
-Outro com medo, por deparar-se com o raio esguio.
As conversas eram poucas. A luz era pouca.
Assim como súbto o lúminus se foi, voltaste!
o medo que já estava díspare
dissipou completamente com o alívio
...e as conversas voltaram com risos
o outrora medo aproximou os amigos
que se uniram mais sem medir conflitos.
e aquele que chegara depois
não podia entender tal união
sentindo-se um pouco deslocado
e então decidiu largar a mão
pois perdeste o apagão
pôs a culpa no "cansado".
ninguem tem culpa nem perdão
pois em uma casualidade
ou você está, ou não.
quase todos entenderam
quase todos aceitaram
quase todos consentiram-se
e a noite acabara
a pipica acabara
e a cama vos chamara.
... e como num resquício de ímpetuo
sob a Lua fumegante, um vagalume voava.
um ser que não deve se preocupar muito com o apagão.
pois tem em si sua própria luz
pois tem em si sua própria sombra
...convivendo intermitente com os dois a cada 15 segundos!