O PRIMEIRO BEIJO
  
Se bem me recordo... agora
Foi mais que uma jura secreta
Aquele tal  “beijo roubado”.
Atrás do muro da escola.
 
Ligeiro como um corcel dourado
Estalando o vão da boca
Ele foi ficando estrelado
Sorrindo e zombando
Da nossa idade pouca.
 
Tinha uma cor caramelo
Com sabores de carmim
Em raios meios difusos
De anjos vestindo sedas
Arcanjos e querubins...
 
Beijo.
Que me despiu a inocência.
Pureza que ficou no além.
Razão que pediu clemência
Em curvas sem muitas retas
Desgovernando a emoção...
Nascia ali o poeta
Gerado no fim da festa
Bobo e embriagado
Abalroando seu coração
E condenado,
A ultima potencia
De uma perpétua ilusão.