O Condutor

Lembro-me bem de tudo quanto vi

Nesses momentos de viandante,

Os quais por não ter me dado ao guiar

D'Aquele que me quis conduzir,

Seguindo, o meu passo errante

Não me livrou da queda que caí.

Vi-me encurvado e com dores.

Ao passo que os gemidos aumentavam,

Aumentava o deserto nos arredores;

Vi se cumprir algo que os antigos falavam:

"Tempora si fuerint nubila solus eris".

Não há amigos, caros senhores,

Que se sujeitem a padecer no mesmo deserto,

Ou que permaneçam conosco, sob esse nebuloso teto,

Que prestem a devida compaixão por nossos horrores.

Não há, senão Aquele do qual dizia

Que com Sua forte mão me conduzia,

Considerando o quão ferido eu estava,

Desconsiderando o quanto eu O ultrajava

Em minha conduta...

Sem querer O indignava.

Ainda assim não me deixou.

A Sua doce e pura voz,

De maneira que não cabe explicação em palavras,

O meu coração penetrou.

E, por isso a Ele dou graças,

E nestes versos Sua bondade menciono,

Pois para sempre estará em minhas lembranças,

E por Ele viver é o que tenciono.

Paulo Kol
Enviado por Paulo Kol em 26/09/2009
Reeditado em 26/09/2009
Código do texto: T1832043
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