POR TERRAS DE PORTUGAL - SERRA DA ESTRELA
POR TERRAS DE PORTUGAL
JoaKim Santos
SERRA DA ESTRELA
Foi a doze de Agosto
De mil novecentos e noventa e Sete
Estava eu bem disposto
Ao todo éramos Sete
Dois dias antes ficou decidido
Em ir á serra da Estrela passear
A minha sogra nunca lá tinha ido
Apenas conhecia do que ouvia contar
Foi logo pela manhã
De Lamas foi a partida
Por passagem por vila Chã
Para a serra prometida
Passámos por Viseu
Uma cidade muito bonita
A mais verde penso eu
Que merece ser vista
Por Nela nós passamos
Cidade de pedra e muita areia
A aldeia a seguir foi Paranhos
Que fica antes de chegar a Seia
Seia já fica na serra
Uma cidade com muita tradição
Com muita arvore e muita pedra
Que encanta os que lá vão
A subir a serra sem parar
Estradas de meter medo
Todo o cuidado é a dobrar
Não vá o carro bater nalgum penedo
Eu ia a conduzir
Pouco podia ver
Não fosse da estrada sair
E nalgum precipício morrer
Mas da serra vou falar
Continuar a minha narração
Deste monumento de encantar
Património da Nação
À serra é de se tirar o chapéu
E Estrela não lhe fica nada mal
Deve ser por ficar mais perto do céu
A este monte de Portugal
É uma serra muito alta
1991 mt. É a sua medida natural
Mas tem tudo o que faz falta
Para receber os turistas pelo natal
Uma boa altura para a visitar
É quando caem alguns nevões
Ver uns a tentar esquiar
E outros aos trambolhões
De Seia já nós falámos
O Sabugueiro vem a seguir
Mas uma “ cabeça “ encontrámos
Á esquerda quando íamos a subir
Para quem não sabe nem viu
A cabeça da velha é um penedo
São rochas que a natureza esculpiu
Num equilíbrio de meter medo
A lagoa comprida é lugar de paragem
Fornece água para a população
É bonita a lagoa e sua paisagem
Mas é local onde o homem pôs a mão
Ao fim de tanta subida
A Torre pôde ver
A 1ª etapa foi cumprida
A segunda era ir comer
Com um rápido olhar
Lá vimos o restaurante
Pois nós queríamos almoçar
Descansar, que a subida foi fatigante
A comida era muito boa
Tanta que até sobrou
O que paguei não foi á toa
Porque toda a gente gostou
Assim que acabámos
A paisagem fomos ver
Foi pouco o tempo que ficámos
Ainda havia muito a percorrer
Na serra nevoeiro não havia
Nenhuma nuvem pairava
Uma fresca brisa corria
E o sol brilhava
A serra não tinha manto
Nem a sua brancura imaculada
Mas não perde o seu encanto
Por isso é muito visitada
De tudo quanto pude ver
Era muito o que posso contar
E é pouco o que vou escrever
O resto fica apenas para sonhar
Na serra é bom para sonhar
Nossa alma flutua
Com nossos pensamentos a voar
Faz-nos estar no mundo da lua
Quando fazíamos a descida
Vimos uma Santa imagem
Era Nossa Senhora na rocha esculpida
A desejar a todos uma boa viagem
Por Penhas da Saúde passamos
A estrada com muitos cantoneiros
Mas fora dos seus olhares paramos
Para apanhar ramos de zimbreiros
Mas logo a seguir
Ouve alguns gemidos
O Fábio deixou de ouvir
A pressão tapou-lhe os ouvidos
A Covilhã finalmente
Cidade muito movimentada
Seguimos sempre em frente
Com destino á Guarda
Todos estavam cansados
A casa depressa queria chegar
E eu com os meus olhos fatigados
E ainda tanto por rolar
A Guarda era nosso destino
Estrada sempre a subir
Percurso nada pequenino
Alguns aproveitaram para dormir
Para quem não sabe
Que também não tem mal
A Guarda é uma bonita cidade
E também a mais alta de Portugal
Quando á Guarda chegamos
Aí houve alguma confusão
Por um bocado nos atrasamos
Porque nos enganamos na direcção
Mas só tomamos a dianteira
Quando na via rápida entramos
Foi na IP5, em Celorico da Beira
E só em Viseu a deixamos
Não se ouvia ninguém
E eu estava muito cansado
E cheio de sede também
Um deles era o Amado
Mas o silêncio acabou
Quando seguia uma camioneta
Foi quando debaixo do carro algo passou
Foi em Arcas, na grande recta
O carro até saltou
Era um cão que já cheirava mal
Um mau cheiro no carro ficou
Que só passou perto do Carvalhal
O carro nada danificou
Mas podia ter-me despistado
Dum susto ninguém se livrou
Sorte foi eu ir a conduzir com cuidado
Quando em Lamas cheguei
Foi só o carro estacionar
Na Carmelinda entrei
Para uma bebida tomar
E o dia se passou
A Bela estava contente
A Dª Rosa o passeio adorou
E a Rita certamente
Mas digo com toda a certeza
Que gostava de lá voltar
E é com muita clareza
Que é quando estiver a nevar.
PORTUGAL / LISBOA
02Agosto1997