MEU SEMBLANTE
Tive formosuras, formas perfeitas,
Pele macia, olhos encantadores.
Lábios carnudos, sensuais, desejos,
Despertando cobiças que até ignorei,
Cabelos lisos emoldurando encantos,
E um rosto singelo com lindos sorrisos.
Que enalteciam minha figura bonita.
Fui jovem ousada, desafiante, liberta,
Procurei amores, alguns desalentadores,
Outros onde entreguei minhas ousadias,
Tão apaixonantes foram suas virtudes,
E as reciprocidades existiram abundantes,
Sem máscaras não escondendo verdades,
Pois amei com intensidade madura.
Tempo passando encontrei amor maior,
Ao gerar um filho que me trouxe deleites,
Sugando o leite que lhe deu vitalidades,
E fui solerte vigilante de todos seus passos,
Crescendo vibrante só trazendo sorrisos,
Que curti presença com orgulho de mãe,
Ao vê-lo crescer até atingir plenitudes.
Agora que as rugas já apontam presenças,
Olho no espelho e encaro as mudanças,
Algumas preocupantes pela perda de vitalidades,
Outras no entanto que me trazem sabores,
Diante de todos os desafios que venci então,
E não me curvei pelos anos que se foram.
Agora, comparsa das cumplicidades malandras,
Tenho em meu neto outros sabores da vida,
Pois desimpedida volto até a ser criança,
Aceitando desafios que me deixam aturdida,
Diante das inteligências que outrora não tive,
Mas que aprecio por ser avó um tanto sapéca.
Amo a vida como se fosse uma jovem senhora,
Não esmoreço mesmo tendo minhas dores,
Posso bailar como uma graciosa bailarina,
E também amar como se fosse graciosa menina,
Pois para mim a vida só teve etapas vividas,
E agora só me cabe curtí-la com toda intensidade.
26-08-2009