Terra querida
Ah, que saudade que eu tenho!
Disse o poeta um dia
Eu também tenho saudade
Da minha infância querida
Águas correndo no Itajurú
Gaivota suspensa nos ares
Bela Dama de Branco ornada de bajuru
Pequenos barcos singrando os mares
Velas enfunadas rumando ao sul
A tarde boceja preguiçosa
Sobre as águas de infinito azul
Nuvens sonolentas em passos letárgicos
Preparam os ventos que apontam pro sul
A natureza aos poucos adormece
O vento vem e varre a Dama em euforia
E dedilha na areia um imenso teclado
Melodiosas notas, inacabada sinfonia
Correm as águas de pálido semblante
Serpenteia o canal e deságua ao mar
Devolve depois furtivo assaltante
De líquido cantante que nele foi buscar
E a noite desce serena
E o vento sopra do mar
Da onda só vieram ‘as rendas
Que o mar caprichoso faz bordar
Na Lagoa majestosa ponte
Um pescador de olhar distraído
Um canal com mesmo nome da fonte?
Será boneca ou anjo Caído?
Onde estão os cajueiros?
Pra onde foram os pitangais?
Gabirobas no verão,
Jaboticabas nos quintais?
E suas filhas morenas
Nas praias serenas
Deitadas na areia
Se caminharem tem graça
E parecem sereias
Nem se importe com o que dizem
Seu nome é grande e tem fama
Desde a Ponta da Armação
Até o Cabo da Rama
Se pouco mais velha
Continuas vaidosa e bela
Com quase quatrocentos
Bem parece uma donzela
Com ar sempre de moça
Que transpira primavera
Parabéns pra você
Minha terra querida
Abraças o forasteiro
E nunca é esquecida
Obrigado pelo amor
E por toda a minha vida
Terra como essa aqui
Em outro lugar não há
Se não és feliz daqui
Não serás noutro lugar
É amando nossa terra
Que temos força pra amar.