A Canção do Corvo

Como os marujos da Antiguidade orientavam-se no mar antes da invenção da bússola? Esta poesia dá algumas pistas...

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Longe da terra

nenhum sinal à vista

o horizonte não encerra

qualquer pista.

O Sol me serve de guia

em Asu o seu nascedouro

e em Ereb a sua moradia

um palácio feito de ouro.

Nas ondas verdes ramos

a cor do próprio mar

me indicam onde vamos

perto da costa navegar.

E as nuvens alvas ao léu

como carneiros domesticados

apontam lá do céu

o rumo de terrenos prados.

Até o vento me induz

a farejar o porto distante

e em minhas narinas produz

de especiarias o aroma fragrante.

Mas se por qualquer malefício

não houver ramo, nuvem ou vento

usarei de um artifício

que me trará novo alento.

De uma gaiola de vime

farei surgir um mensageiro

que voará para terra firme

rápido como um raio certeiro.

E eu seguirei sua trilha

ao fim da qual se vislumbra

a sombra azul de uma ilha

ou uma costa branca alumbra.

(30-07-2003)

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Nota: "A Canção do Corvo" faz parte de um livro de ficção histórica denominado "Maat", o qual escrevi em 2003. A ação transcorre numa "realidade paralela": um Antigo Egito governado por Cleópatra e que é a maior potência da Antiguidade (unificando o que de melhor havia nas civilizações greco-romana-egípcia). Lamentavelmente (ou não), como "Maat" fazia parte de uma série criada por outro escritor, estou impedido por questões de direitos autorais de publicar qualquer parte do mesmo antes de remover as referências às criações do citado autor (processo trabalhoso e que nunca levei adiante).