Epitáfio...

Epitáfio...

Delasnieve Daspet

Já escrevi meu desfecho.

Quero que figure assim - no meu epitáfio:

Morri... não chore!...

que não lamente o salgueiro triste,

continue cantando sabiá-laranjeira do quintal,

voe alegre arara-azul.

Que vergue no vento paineira da praça,

filhos voem na vida o seu caminhar,

parceiro não lamente, vou contente.

Pois se eu morresse hoje, agora,

a data da minha partida já estava prevista no livro da vida,

e, a luz do amor romperia o véu da tristeza.

Alguém beijaria minha fronte fria

e me lembraria com carinho e gratidão?

Iriam comigo - na lembrança fugaz da vida -

os livres campos de minha terra?

Os passos azuis, dos pássaros nos espaços,

ficariam comigo na tumba fria?

E as razões e sem razões me acompanhariam na escuridão?

Digam ao me recordar

que busquei o amor até o último refúgio...

Pensando bem, - pouco importa o que disserem -

Pois já estaria voando, como uma pluma ao vento,

A caminho do grão-de-areia,

Mudando sempre de lugar - no pensamento ,

Ou, correndo nas verdes cerrados de minha terra,

Como linda onça do pantanal!

**

Campo Grande-MS

16-10-05

Delasnieve Daspet
Enviado por Delasnieve Daspet em 13/06/2006
Código do texto: T174902
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