Epitáfio...
Epitáfio...
Delasnieve Daspet
Já escrevi meu desfecho.
Quero que figure assim - no meu epitáfio:
Morri... não chore!...
que não lamente o salgueiro triste,
continue cantando sabiá-laranjeira do quintal,
voe alegre arara-azul.
Que vergue no vento paineira da praça,
filhos voem na vida o seu caminhar,
parceiro não lamente, vou contente.
Pois se eu morresse hoje, agora,
a data da minha partida já estava prevista no livro da vida,
e, a luz do amor romperia o véu da tristeza.
Alguém beijaria minha fronte fria
e me lembraria com carinho e gratidão?
Iriam comigo - na lembrança fugaz da vida -
os livres campos de minha terra?
Os passos azuis, dos pássaros nos espaços,
ficariam comigo na tumba fria?
E as razões e sem razões me acompanhariam na escuridão?
Digam ao me recordar
que busquei o amor até o último refúgio...
Pensando bem, - pouco importa o que disserem -
Pois já estaria voando, como uma pluma ao vento,
A caminho do grão-de-areia,
Mudando sempre de lugar - no pensamento ,
Ou, correndo nas verdes cerrados de minha terra,
Como linda onça do pantanal!
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Campo Grande-MS
16-10-05