CANTEIRO DE LÍRIO
Na minha adolescência em Várzea da Palma,
Plantei no meu quintal um canteiro de lírio.
De lá me mudei antes dele florescer.
Hoje no papel deixo os meus delírios:
dos cantares dos pássaros tenho saudades;
de nadar descalço sobre as areias frias,
pelos caminhos quando ia para roça a cada amanhecer;
Dos mergulhos na água límpidas do Rio das Velhas;
Do perfume das flores dos pequizeiros,
nessa selva de pedras choro o dia inteiro,
estou perturbado com os bêbados nos bares;
E os olhares dos viciados;
Dos disparos dos soldados armado;
Tenho tristeza dos lamentos das crianças famintas...
Que confundem com as dores dos pais desempregados...
Perambulando pelas ruas e praças de Belo Horizonte,
sentindo-me um resto da política da ditadura militar 64,
que aterrorizou nos quatro cantos da nação.
Tenho pena de ouvir cantar do galo,
Enjaulado na loja do mercado central
e dos idealistas das políticas da esquerda do Brasil,
eles tiveram o mesmo destino que a pobre ave terá...
Constantemente tenho diarréia,
Causada pela água que bebo...
Deus! Saudades que tenho de lá do inferior
e do meu canteiro de lírio em Várzea da Palma
Que não vir florir...