Berço de passarinho

(...) Inda me lembro daquele lar turdídeo...

No qual também cantava o apodídeo —

Alegrava o meu coração.

Desterrei-me encantado mundo afora...

Quando ouvia aquelas aves canoras —

A levar-me p’ra amplidão.

Sentia-me um estranho num grão ninho...

Naquelas noites em que fiquei sozinho,

A carregar o meu fardo!...

Sabiamente, atravessei o caminho,

Por onde rastejava um tatuizinho...

Onde havia um longo cardo.

Embora eu me sentisse atordoado...

Naveguei pelo mar, amedrontado —

Co’a esperança de ver o sol.

Procelosas ondas encobriam a luz,

Nos furores gestos em forma de cruz,

A rodear-me em caracol.

No centro daquele mor remoinho...

Cruzavam abraçados co’ escarninho —

Em direção ao tridente!...

Lembrei-me, naquele instante, do Senhor...

E Ele me deu asas fortes — pelo amor...

E eu voei..... Clarividente!

Voei rumo às estrelas no azul do céu...

Deixando os desprezíveis num mar de fel...

Encontrei a liberdade!

As armadilhas dos aparentados...

Destruíram as grunas — os desgraçados,

Para a infelicidade.

Sou um grão suspenso no firmamento...

E a luz a me levar em acolhimento —

Pela simples razão de ser!...

Sou amante do grã-gigante ninho...

Talvez seja um berço de passarinho,

Nas árvores — poder crescer.

Mas a felicidade está nos Cantos...

E a glória do Senhor reina nos campos,

A levar-me p’ra exaltação.

Uma imensa alegria surgirá do céu...

Derramará na terra um sabor de mel...

Num silabar em comunhão!

Paulo Costa

15 de julho de 2009.

Pacco
Enviado por Pacco em 19/07/2009
Reeditado em 12/03/2024
Código do texto: T1708270
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