Calçada de Hematita

Minha antiga rua traz saudades,

dos tempos que não voltam mais;

o velho se foi, o novo envelheceu,

não adianta mais olhar pra trás.

Até a poética calçada de hematita,

azul brilhante nas tardes chuvosas,

há anos que ousaram retirar.

Nossa casa amarela tiraram de cena,

levando junto dela saudáveis histórias,

deixando em seu lugar o grande edifício.

O bougainville sempre tão florido,

que ornamentava a cerca do Taim,

teve também de ser arrancado.

Aquela meninada alegre, tão arteira,

cresceu, mudou-se, são agora avós

Os vizinhos se foram, ou Deus os levou,

até o meu pai, desta vida já partiu.

A barroca igrejinha deu nome à rua,

que há tempos é Travessa da Saúde;

aquele cenário ressurge-me em sonhos,

e me fazem reviver a antiga alegria.

Tão belo e bucólico era o nosso beco,

parecia um presépio exposto ao ar livre.

A gente achava tudo aquilo definitivo,

nosso chão, nosso tempo, nossa gente,

só a realidade é que não soube ajudar.

Harock
Enviado por Harock em 06/07/2009
Reeditado em 17/04/2014
Código do texto: T1684586
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