Velhas caras modificadas
São rostos há muito conhecidos
Velhas caras modificadas pelo tempo
Pela vida e pelo empenho em sobreviver
São velhos amigos de viagens
Companheiros de histórias trilhadas
Nas curvas das estradas e por aí afora
São meus primos, meus amigos
Infância de beleza inesquecível
Que hoje retrato em poesia
São faces antigas emolduradas
Em ricas poses fabricadas
Onde nada se sabe, nem se pergunta
São gestos, ora nobres, ora esnobes
De quem não quer se revelar
E esquecem-se de que as marcas do tempo
Não conseguem jamais ficarem ocultas
São meus conhecidos, amores de verão
No outono de minha vida
E fazem parte de mim, de você que me lê
Fazem parte de nossa história
E nunca serão apagados
Estarão sempre lá todas as vezes
Que a vida nos chama
Para ver e contemplar
Aquilo de que fizemos parte um dia
Para que nos orgulhemos e
Quem sabe, consertarmos o que
Equivocado ficou
A vida é para isso, para acertar e errar
E, principalmente, reparar os erros
São meus primos
São meus amigos
Velhas faces queridas
Preservadas para sempre
No alvorecer de minha história.
Poesia publicada no livro Viver: um jogo perigoso, de Márcio Martelli, Editora In House (2009)