Velhos livros na estante
Em surrados livros revi
flores ressequidas, esquecidas,
lábios que beijaram páginas
em relevos já esmaecidos
Recordei seletos momentos idos
ao deparar com textos sublinhados
nas diversas cores do arco-íris
e palavras soltas escritas a mão
Lá estavam, apagadas, folhas secas
outrora regadas por sorrisos
afagadas em tardes que se foram
deixadas ali como a expressão de algo
Velhos e guardados livros de ontem
que se aconchegaram a seios
virginais cobertos e escondidos
mas permitindo que o arquejo fluisse
Nas páginas puídas e amassadas
impressões digitais femininas
ali deixando marcas de sua passagem
carinhosa por vezes, irritada tantas
Hoje são livros olvidados na estante
mas transbordantes de estórias
de lágrimas, de olhares, de amor sutil
de ingenuidade e êxtase juvenil
Compêndios de minha adolescência
testemunhas das muitas dores e risos
do brotar da primeira paixão
do duro amadurecimento do meu coração