SAUDADE DE MIM
Amanhece o domingo
sem o cheiro do café da mãe
e longe, muito longe
do pai que viajou.
O sol vem vindo
e já não bate mais
no rosto das irmãs
que dormiam ao lado.
As meninas cresceram,
deixaram seus brinquedos
largados do lado de fora.
Nada tira de mim
essa vontade de ver crescer
o mesmo tempo
regado gota por gota
para jamais vê-lo morrer.
A filha do meio
não sabe viver só,
vive pendurada na janela
esperando ver passar
o cheiro de bolinho de chuva,
e da terra molhada
que obrigava as meninas
a ficarem em casa.
Lembrar faz parte do domingo
que se espreguiça na cama vazia
e dela parece não querer sair.
Converso com essas lembranças
que não são doídas
são sim saudades de mim.